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domingo, 26 de abril de 2009

ouvindo a nostalgia do fim...

Olha, eu sei que o barco tá furado e sei que você também sabe, mas queria te dizer pra não parar de remar, porque te ver remando me dá vontade de não querer parar de remar também.
(caio fernando de abreu)

eu não tenho tempo, eu não sei voar...

Fagner e Zeca parecem querer arrancar meu coração da forma mais fria em teu impulso mais quente.

tsc... faz tempo que não digo propriamente sobre mim, sem referir a 3º pessoa, faz tempo que eu não sei mais o que eu estou sendo e fazendo, enfim estou confusa, e pra começar não sei de onde diabos tirei essa bendita confusão.

Sinto os dias escorregarem cada vez mais depressa entre os meus dedos, e eu não faço porra nenhuma do que sonhava do que pretendia, na verdade não sei mais nem o que pretendo nem o que vem a ser isso, estou perdida; não reclamo, a ultima coisa que quero agora são conselhos.

Encontrei meu eu meses atrás, e a paz que tinha comigo mesma era absurda, e agora a única coisa que quero é tomar ferias de mim. Poderia escrever sobre minha bolha, sobre como era a vida dentro dela, sobre meu mundo aparte e como ele é fantástico, mas ele já não é mais se eu já não sou mais tudo isso se já não sou, eu eu eu tantos eu's e eu ainda não sei quantos tenho.

Meus dragões pessoais se tornaram mais que impessoais, é... estou crescendo em uma velocidade absurda e não me acompanho. Abstrato, parte de mim diria, e a outra apenas ri.

Vomito palavras, acho isso pelo talvez o nojo seja por não serem escritas da devida forma, mas não importo, na verdade também não sei com o que me importar.

como se isso fizesse algum sentido.

E eu não sei, e detesto não saber.

Deeeteeeesto mesmo.

Será que fiquei tempo demais diante do espelho?

e agora não me enxergo mais?

nenhuma pergunta foi tão exata e tão sem respostas, quem dera eu não me importasse com estas.

Queria ser a mais ignorante já que não sei, mas não sou ... é tenho de saber.

Por onde começar?

Se nada, nadinha tem um fim expresso e que não seja nenhum pouco misterioso.

Quero amar o mistério novamente, umas mil vezes infinitamente.

Quem foi o idiota que pós na minha cabeça que as coisas são impossíveis e que nada cai do céu? Até parece que mora no sol, onde não se chove e a cabeça sempre fica quente, aflita.

Me quero de volta, onde abraço a liberdade com força e sonho o mais alto que posso... mas eu nem sei mais quem venho ser...

?

o que cala muita, muita coisa
o que me soa, é muita, muita coisa.

me diga pra que isso?
porque existe tanto o errado, e o certo parece ser tão inimigo?

não pensar






Alguém que complete minhas falas, que não queria compreender minha mente.


Já não sou mais a mesma, talvez nem saiba ao certo se algum dia fui, apenas escrevo sem pensar, assim como queria falar de tal forma, mas é algo tão impossível, sei que é bom escrever de olhos fechados, mesmo que as palavras saiam erradas, talvez exista alguém além de mim que saiba entende-las ou não.


Queria saber o que se passa dentro de meu intimo, mas ele é tão ínfimo.

quinta-feira, 23 de abril de 2009

Apoena

Eu não tenho cabelos vermelhos e o meu vestido não é amarelo. Eu sou só uma menina invisível, deitada na grama invisível que a moça que não sabia desenhar, não desenhou. Aquele é o menino que eu não lhe falei. Ele sempre está preso num único instante; o instante em que o moço que sabia desenhar, o desenhou.

O balão que subia as nuvens, com várias crianças chamando, teve de desviar o caminho, pois não fazia parte desse desenho. O avião que trazia uma faixa, com linda declaração de amor, teve de mudar a rota, pois neste céu azul é que não foi desenhado. O pombo-correio que veio voando de fora da imagem, bateu o bico na borda e caiu. Por isso, o menino está sempre só.

Se as crianças do balão não conseguiram. Se o avião também não conseguiu. Se nem o pombo-correio teve sucesso, como é que eu, uma menina invisível, feita de palavras, poderia chegar até ele? Foi o que passei dias e dias pensando. Então, numa de minhas viagens, ouvi dizer que uma imagem valia mais do que mil palavras. Não tive dúvidas. Abri a oficina invisível, acendi as luzes transparentes e comecei a construir este imenso abraço de palavras. De mil e duas palavras. Para, um dia, entregar a ele.


(Rita Apoena)

quinta-feira, 16 de abril de 2009

como um ceu de estanho

Quero no escuro
Como um cego tatear
Estrelas distraídas...




Amoras silvestres
Amores secretos
Debaixo dos guarda-chuvas


Tempestades que não param
Pára-raios quem não tem
Mesmo que não venha o trem
Não posso parar...



Veja o mundo passar
Como passa
Uma escola de samba
Que atravessa
Pergunto onde estão
Teus tamborins?


Sentado na porta
De minha casa
A mesma e única casa
A casa onde eu sempre morei ...









terça-feira, 14 de abril de 2009

Caio fernando de abreu passou aqui.

"Olha, eu estou te escrevendo só pra dizer que se você tivesse telefonado hoje eu ia dizer tanta, mas tanta coisa. Talvez mesmo conseguisse dizer tudo aquilo que escondo desde o começo, um pouco por timidez, por vergonha, por falta de oportunidade, mas principalmente porque todos me dizem que sou demais precipitado, que coloco em palavras todo o meu processo mental (processo mental: é exatamente assim que eles dizem, e eu acho engraçado) e que isso assusta as pessoas, e que é preciso disfarçar, jogar, esconder, mentir. Eu não queria que fosse assim. Eu queria que tudo fosse muito mais limpo e muito mais claro, mas eles não me deixam, você não me deixa"
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"Às vezes me espanto e me pergunto como pudemos a tal ponto mergulhar naquilo que estava acontecendo, sem a menor tentativa de resistência. Não porque aquilo fosse terrível, ou porque nos marcasse profundamente ou nos dilacerasse - e talvez tenha sido terrível, sim, é possível, talvez tenha nos marcado profundamente ou nos dilacerado - a verdade é que ainda hesito em dar um nome àquilo que ficou, depois de tudo. Porque alguma coisa ficou. E foi essa coisa que me levou há pouco até a janela onde percebi que chovia e, difusamente, através das gotas de chuva, fiquei vendo uma roda-gigante. Absurdamente. Uma roda-gigante. Porque não se vive mais em lugares onde existam rodas-gigantes. Porque também as rodas-gigantes talvez nem existam mais. Mas foram essas duas coisas - a chuva e a roda-gigante -, foram essas duas coisas que de repente fizeram com que algum mecanismo se desarticulasse dentro de mim para que eu não conseguisse ultrapassar aquele momento."
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"Essa morte constante das coisas é o que mais dói"
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Mordenizando as rimas da moda

1930
amor
dor


1960
homem
come
fome


1980
ama
cama

2000
homem
cama
come

(Leminski)

segunda-feira, 13 de abril de 2009

semim

Essas ultimas semanas foram por demasiado caóticas, eu realmente havia perdido quase que toda minha perspectiva e animo de viver, por mais que sentimentos intensos me tomassem, no fim do dia sempre o triste me entorpecia e eu acabava me cedendo a ele. O ato de desistir as vezes parece tão mais atraente, tão mais certo, ainda bem que existe o termo de coragem para ressaltar a falta desse, e nos fazer pensar duas vezes (nem diria pensar, mas ser). Minhas lorotas e justificativas para que eu mesma, não sinta nada além de apatia, são simplesmente ridículas, me faz achar o quanto sou medrosa e o quanto desconhecia, espero ler isso daqui a algum tempo e rir de mim mesma. 
Re-assisti "minha vida sem mim" mas agora as coisas fizeram mais que sentido e eu fui até o fim, pode parecer coincidência mas hoje é como se o mundo quisesse me mostrar que eu não devo mais deixar esse ser bláse-lírico se apoderar de mim, mas enfim as vezes penso em deixar o mundo; e hj eu vi que se um dia eu fizer isso será por não ter mais escolha e que terei de arrumar uma parte desse "quebra-cabeça" do universo, mesmo que não seja por lógica mas seja pelo menos com a junção das pessoas.



Que saudade de mim!



P.s : desenhei ontem, apesar de não fazer isso a 3 anos, espero não adiar mais as coisas.
Talvez eu também deva fazer minha lista de coisas a fazer antes de morrer.
P.s²: Ando me esquecendo das coisas, e agora? se desse tempo de anota-las.

ali sta

"Algumas vezes eu fiz muito mal para pessoas que me amaram. Não é paranóia não. É verdade. Sou tão talvez neuroticamente individualista que, quando acontece de alguém parecer aos meus olhos uma ameaça a essa individualidade, fico imediatamente cheio de espinhos - e corto relacionamentos com a maior frieza, às vezes firo, sou agressivo e tal. É preciso acabar com esse medo de ser tocado lá no fundo. Ou é preciso que alguém me toque profundamente para acabar com isso."
(Caio Fernando de Abreu)





sexta-feira, 10 de abril de 2009

noir


Eu não tenho tempo
Eu não tenho medo
Eu não sei voar
Eu não sei rezar
não sei gostar
não sei não querer
não sei o que querer
só sei o que não quero


e não sei mais o que não sei mais...

segunda-feira, 6 de abril de 2009

inte diantes





Não escrever nada, por não ter nada a escrever e ter tanto a pensar.

isso me dói com um universo de palavras o fato de não conseguir traduzir meus pensamentos para palavras escritas.

Já são 1 e 34 da manhã, já é segunda , e o relógio faz o [ironia] enorme favor [/ironia] de me lembrar que terei de acordar tão cedo e ficar fora o dia inteiro e não almoçar e fazer novamente exame de vista ... enfim, ainda não sei o contexto de amanhã, o contexto dos dias o porque deles existirem, o porque de tudo existir, parece perguntas de uma filosofia barata, mas eu realmente não sei se me desanimo pensando que não encontrarei respostas exatas ou se me animo pelas coisas serem tão surpresas, mas eu me sinto uma boba como se isso tudo fosse uma brincadeira de "cabra cega" onde devemos procurar mas sem enxergar nada, onde as pessoas e fatos vão se escondendo da gente até desistirmos ou o acaso resolver que podemos toca-lo. Enfim o acaso não parece querer que eu o toque.

Aproveitando esse embalo, não sei, essa palavra é um tédio, mas eu realmente não sei se devo ler tanto e me deixar influenciar pelas coisas escritas, ou simplesmente escrever como uma louca, mas voltando a bola de neve o fato de não traduzir meus pensamentos para palavras escritas me dói.

Boa noite, espero conseguir acordar cedo, porque dormir, bem que eu não queria agora (risos).




*algum louco me liga essa hora, parece não temer a morte (risos) :P. é acho que é alguem me servindo como consciência dizendo que preciso ir, isso soou como ir embora do mundo pra sempre, mas é só dormir. Que pena?




* Bebados passam cantando na rua " andei só pela noite, cantei aquele velho samba pra rua..." .

domingo, 5 de abril de 2009

Manual de Amor ao Artista

Para se amar um artista tem que saber ser livre.
Não falo do amor livre, aquele desvairado em que nada importa, em que corpos
e bocas diversas fazem parte de tudo sem mesmo fazer parte de nada. Não é
desse que falo. Absolutamente também não falo de amor livre desses que quase
já não há amor. Aquele que as pessoas fingem se amar, fingem se importar mas
na verdade não. Olham para o lado sempre a procura de algo melhor e sofrem
por dentro por não saber o que procurar. Não é desse amor que falo.
Na verdade nem quero dizer nada sobre amor livre. Não é o amor que deve ser
livre.
Nós temos que ser livres.
E ser livre não significa ser rebelde, adverso, descompromissado ou
desinteressado. Ser livre não significa fazer o que acha que deveria para
parecer independente. Ser livre não significa agir inconsequentemente sem se
preocupar com o que o outro sente, com o que o outro pensa, com que o outro
precisa. Ser livre não é estar ausente. 
Aliás, acho que esse é um dos maiores desafios da liberdade: estar presente.
Porque pra você ser livre você tem que entender o mundo, a diversidade dos
sentimentos, a diversidade de pessoas, a diversidade de idéias e opiniões.
Você tem que fazer suas escolhas sem ferir as alheias, sem prender, sem
forçar, sem dominar.
Ser livre não é estar no topo, é estar. Apenas.
E pra se amar de verdade um artista é preciso entender que nada é o que
parece, que as coisas mudam e quem nem sempre dão certo. É preciso entender
que sonhos podem virar realidade - nem que seja somente na ponta do lápis -
mas que nem sempre esses sonhos são reais. Podem ser só sonhos do artista. É
preciso entender que as horas passam, os dias passam, os anos passam e ele
vai estar sempre lá, apaixonado pelo trabalho (que vai ser o único amante
verdadeiro se sua vida). 
Por esse motivo o artista ama seu trabalho: porque é livre.
Para se amar um artista é preciso olhar com atenção e se deixar ser olhado.
É preciso estar só e deixar só - sem realmente estar em ambos os momentos. É
preciso criar: rotinas dentro do caos, novas histórias dentro da história,
motivos pra amar, espaços pra viver.
É estar lá e saber que o artista também vai estar. É sentir e saber que o
artista também vai sentir. É amar e saber que o artista também vai amar. Sem
necessariamente ele ter que provar isso a todo momento.
As provas de amor de um artista vêm através de sua arte. O quanto mais ele
ama, mais ele se sente criador.
Não que o artista não crie também quando está triste ou desamado - mas aí é
quando o amor próprio fala.
Ele às vezes vai parecer distante, às vezes vai parecer frio, às vezes vai
parecer triste - e não vai ser por sua causa. O artista sofre, sozinho, de
sua própria criação. 

Ele às vezes vai parecer animado, às vezes vai parecer eufórico, às vezes
vai parecer feliz. Aproveite sempre esses momentos com ele.
Mas não quero dizer com tudo isso que amar um artista é uma entrega
solitária. Ele também vai te amar, e te agradar, e te respeitar: se você for
livre.
Livre pra amar seu jeito desconexo. Livre pra entender suas ausências. Livre
pra admirar suas criações. Livre pra controlar o ciúmes. Livre pra se
ausentar sem jogos. Livre pra viver sem amarras. Livre pra amar sem medo.
Livre sem medo de ser amado da forma que ele souber amar.
Para se amar um artista tem que se entender que o amor é livre, sem
necessariamente ser o amor livre desvairado ou o amor livre desinteressado.
O amor é livre pois é pessoal, individual e intransferível. É variável
dentro de uma mesma forma e simples o suficiente para assustar.
Para se amar um artista tem que saber que não importa o que acontecer, se
você for digno de receber amor - qualquer tipo de amor - ele será seu.
Inevitavelmente.
Pode parecer complicado, muitas regras, muitos problemas... mas não, não é
assim.
A grande questão que você precisa saber responder para saber se pode ou não
amar um artista é: Você sabe ser livre?
Se a resposta for não, eu sinto muito.
Se a resposta for sim, então apenas te informo que, se você for realmente
livre, o artista te amará antes que você o ame - e não há como não amar um
artista apaixonado.